Título 6
O Sagrado Mês do Ramadan
O Ramadan, comumente conhecido como o mês do jejum, é o 9º mês do calendário islâmico e o único a ser mencionado pelo nome no Sagrado Corão. É considerado o mês mais sagrado do ano e foi o mês em que o Santo Profeta Muhammad (saw) recebeu a primeira revelação Divina, sendo, portanto, o mês em que o Sagrado Corão começou a ser revelado.
Durante esse mês, os muçulmanos são instruídos a fazerem jejuns diários - deixando de comer, beber e ter relações conjugais - do nascer do sol até o pôr do sol. Assim, nos dias do Ramadan, os muçulmanos se levantam bem cedo, antes do nascer do sol, e fazem o sehr - alimentação para o início do jejum. Da mesma forma, ao pôr do sol tem lugar o iftar - alimentação da abertura do jejum. O Santo Profeta (saw) aconselhou todos os muçulmanos a participarem desses momentos, dizendo que neles há bênçãos de Allah. É importante destacar que nem todos os muçulmanos fazem jejuns nesse mês. O jejum não é um castigo, mas sim, uma bênção, tendo inúmeros benefícios. Por isso, em todas as circunstâncias em que o jejum poderia ser prejudicial, o mesmo é proibido. As crianças, os idosos, os enfermos, os viajantes, as mulheres grávidas ou que amamentam, dentre outros, não devem fazer o jejum.
Contudo, não só de jejuns consiste o Ramadan. Além do jejum, nesse mês, os muçulmanos, em geral, multiplicam as suas atividades espirituais - fazendo mais orações, lendo mais a palavra do Criador, fazendo mais caridade - e abstém-se com mais vigor de tudo o que é vão, vulgar ou ruim, praticando um belo exercício para servir de exemplo para o resto do ano. Durante esse mês, há também uma oração especial (voluntária), salat-e-taraveeh, feita após a última oração do dia - antes de dormir. Essa oração costuma ser feita em conjunto nas mesquitas, mas também pode ser feita em casa. O Santo Profeta (saw) disse, uma vez, que nesse mês Allah abre as portas do paraíso e fecha as portas do inferno e infeliz é a pessoa que recebe o mês do Ramadan e, mesmo assim, não consegue o paraíso (por meio do arrependimento sincero e das boas obras praticadas durante esse mês).
O mês do Ramadan pode ter 29 ou 30 dias, dependendo do ano, já que o calendário islâmico é lunar - o início e o fim do mês são determinados pelo nascimento da lua nova. Dessa forma, esse mês se inicia com cerca de dez dias de antecedência a cada ano que passa e, assim, percorre todas as estações do ano. A beleza dessa característica faz com que as pessoas de todos os lugares do mundo façam jejuns longos - quando o mês de Ramadan tem lugar no verão - e curtos - quando esse mês tem lugar no inverno. Vale lembrar, de toda forma, que o Islã utiliza-se de ambos os calendários (tanto o lunar, quanto o solar), escolhendo o mais adequado para cada situação. Enquanto o início e o fim do mês são definidos pelo sistema lunar, por exemplo, o início e o fim do jejum são ditados pelo sistema solar.
O jejum islâmico traz muitos ensinamentos e muitos benefícios ao ser humano, tanto espiritualmente, quanto fisicamente. Uma das maiores lições que nos proporciona é a de sacrificar algo por um bem maior: deixamos de lado coisas legais e permitidas para obter a proximidade com Deus e o Seu amor. Quem se abstém até do que é legal pelo amor de Deus, certamente se prevenirá do mal com muito mais facilidade em Seu caminho. Fisicamente, além de ajudar a regular o nosso sistema digestivo, elimina toxinas do corpo e ativa diversas funções especiais. Quanto mais pesquisas os estudiosos fazem sobre o jejum islâmico, mais se curvam diante da grandeza e da beleza dos resultados maravilhosos que ele proporciona. O jejum também prepara o ser humano para situações adversas, deixando-o pronto para suportar a fome ou a sede para caso venha a ter que suportá-las. Além disso, por meio desses sentimentos, proporciona aos mais afortunados a possibilidade de experimentarem por um momento, a condição daqueles que tem falta do que comer e beber, estimulando a pessoa a ajudá-los.
No primeiro dia após o final do Ramadan - dia primeiro do mês de Shawal - tem lugar uma importante comemoração, a festa de Eid-ul-Fitar, em que todos os muçulmanos são orientados a participar, independentemente de terem ou não jejuado. É um dia de gratidão a Deus pela capacidade de fazer boas obras com intensidade durante o Ramadan. A comemoração começa com uma oração especial, Salat-e-Eid, e tem uma contribuição voluntária, Eid Fund, destinada às pessoas mais necessitadas. Nesse dia, é costume de todos vestirem-se bem, prepararem boas comidas e visitarem uns aos outros num dia de felicidade e integração familiar e social. O Islã ensina que o sucesso e a verdadeira felicidade são obtidos por meio de sacrifícios e presenteia os muçulmanos com uma linda comemoração após os sacrifícios prestados durante todo um mês.